sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Vale a pena ir ao Japão?



No fim de semana enfim consegui pegar o meu visto para o Japão. Venho sido questionado por muitos torcedores santistas se vale a pena ir pra tão longe para ver o Santos, ainda mais nessa fase inconstante em que o time se encontra e tendo como provável adversário na final do torneio o “imbatível” Barcelona.

Ouvir isso de torcedores de outros times seria até normal, agora de torcedores santistas me surpreende.

Eu nasci em 1977, e graças ao meu pai, me tornei sócio do Santos logo cedo, frequentando sempre a Vila Belmiro ao seu lado. Vivi a minha adolescência nos anos 90, talvez a pior década para o Clube como um todo. Faltavam títulos, estrutura, planejamento…

Em 1995 enfim a aparição de um “novo Messias”, o resgate de nosso orgulho com Giovanni e, novamente a derrota, não para o Botafogo, mas para o Senhor Marcio Rezande de Freitas.

Eu vi o Santos levar de 6×0 contra o Palmeiras na Vila. Eu vi o Santos levar de 7×1 no Pacaembú…

Veio o novo século e junto com ele os títulos brasileiros e o renascimento do nosso Santos. Hoje eu tenho a certeza de que o time e os gramados da Vila Belmiro são abençoados e diferenciados. Sim, porque neles voltaram a nascer os maiores craques do futebol mundial.

E agora ainda me perguntam se vale a pena ir para tão longe?

Para a disputa ficar ainda mais interessante, os deuses do futebol compensaram um erro cronológico (quando deixaram Pelé e Maradona em épocas distintas) e colocaram novamente, frente a frente, um brasileiro e um argentino: Neymar e Messi.

Como deixar de ir para o Japão?

Para ver o Santos eu iria para qualquer lugar. E vou porque eu acredito. Porque vi o nosso pior momento e tenho certeza de que ele passou.

Vou pelo meu pai, que sempre acreditou, até nos momentos mais difíceis que passamos e hoje, por motivos de saúde, não poderá estar lá comigo. Vou pela minha filha, que por ter apenas 1 ano e meio de idade, ainda não entende a grandeza que é ser torcedora do Santos, mas que desde os 17 dias de vida já é sócia do Clube.

Vou por todos aqueles que não tem a oportunidade que eu estou tendo. Talvez ela seja única na minha vida, talvez não, mas com certeza será especial como é especial cada jogo do Santos.

Independente do adversário vou para ver o meu time. Como fui para Salvador na final da Copa do Brasil, como tentei ir para o Uruguai na final da Libertadores e acabei impedido por um vulcão.

Vou para ver mais um título. Sou muito mais a rica história santista do que o rico dinheiro catalão. Sou muito mais Pelé que Maradona. Sou muito mais Neymar que Messi. Sou muito mais Brasil que Argentina ou Espanha, mas acima de tudo, sou e sempre serei muito mais Santos Futebol Clube.

(ilustração do GLobo.com)

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

PJ 20 anos...

Ontem tive a oportunidade de ver o documentário comemorativo aos 20 anos de carreira sobre o Pearl Jam, uma das bandas que eu mais gosto.

Durante as quase duas horas do filme me senti como se assistisse a um filme sobre a minha vida. Cada imagem, ou boa parte delas, me trazia a lembrança de algum momento bom que eu tive. Cada música então parecia fazer com que eu fosse transportado no tempo, de volta para os anos 90...

E como foi gostosa essa época...

Os ensaios do saudoso Cursed Clown, as bermudas xadrez, as "camisas de velho" e a insistência em se auto-afirmar um rockeiro e não um grunge. O Universitas, as aulas de inglês a tarde, no CCBEU, o ônibus 10, 17, 80, e até mesmo o 29, que eu nunca peguei, mas que a maioria dos meus amigos pegava...

Lembrei do início da bohêmia no Presidente e no Surf Dog, das reuniões sempre na casa de alguém com direito a discussões sobre quem era o melhor guitarrista, o melhor vocal...

As primeiras namoradas, a mudança da fase infantil para a fase adulta, a perda da inocência...

tudo isso sempre acompanhado por uma trilha sonora em que o Pearl Jam, dentre muitas outras bandas, era uma cosntante. Uma unanimidade que não era burra.

Ontem, 20 anos mais velho, percebi através de sons e imagens como o mundo mudou, como as pessoas mudam, crescem, envelhecem... Para algumas pessoas, de muita, muita sorte, essas mudanças acontecem ao lado de pessoas que estiveram juntas de vc por todo esse tempo, dividindo os medos, as alegrias, as conquistas, as frustrações e os aprendizados que a vida nos impõe.

Ontem, 20 anos mais velho, percebi que sou uma dessas pessoas. De sorte. Tive a oportunidade de ver todas as mudanças ao lado de grandes amigos e ontem, mais uma vez, tive a certeza que apesar de todas as mudanças a verdadeira amizade não muda, ela simplesmente evolui. A amizade é a única a vencer o tempo, a distância, e a maior prova disso são os 3 caras que estavam comigo no cinema, assistindo ao filme e depois tirando conclusões, como há 20 anos atrás.

Oh I, I'm still Alive!