quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Uma manhã no consulado americano de São Paulo.

A ida ao consulado americano pode ser uma experiência única.


Depois de toda uma preparação "pré visto" como: imprimir formulários, pagar taxas em banco e pela internet, agendar entrevista, tirar foto, preencher todos os formulários impressos com perguntas do tipo: "você pretende entrar nos EUA com algum artefato explosivo ou drogas?" e reunir documentos que comprovassem minha intenção de não ter intenção de ficar de vez na terra do "Tio Sam", hoje chegou o grande dia!


Agendada a entrevista para as 7:15 da manhã, as 6:30 já nos encontrávamos em baixo de muita chuva na longa fila que se formava ainda na rua. Ali ambulantes vendendo guarda chuvas e capas se confundem com manobristas de estacionamento e taxistas, bem como com pessoas correndo para tirar fotos ou imprimir alguns formulários que faltam. 


Na minha frente uma menina "descobre" que precisava ter levado uma foto. Ela rapidamente sai da fila e já se ouve as vozes dos seguranças para desligar e separar celulares, chaves de carro com alarmes e qualquer tipo de aparelho eletrônico. A menina volta aliviada ainda em tempo de salvar sua entrevista.


Já dentro do prédio somos interrogados por funcionários brasileiros que mais parecem carcereiros devido a "educação" com que lidam conosco. Novamente a menina  "descobre" que não imprimiu um dos formulários necessários. Por sorte eu tinha levado um a mais e gentilmente minha esposa cede à ela nossa "cópia reserva". 


Ainda na fila me imaginei naqueles filmes sobre a segunda guerra quando os prisioneiros judeus chegam ao campo de concentração e são triados. Seguranças armados separam as filas, os tais funcionários brasileiros "checam" as informações e a menina da minha frente mais uma vez é surpreendida quando um funcionário lhe pergunta sobre o comprovante da taxa a ser paga no Citibank. Ela sai da fila para pagar a tal taxa que falta e ali eu passo a compreender um pouco da ira dos funcionários que lidam todos os dias, o dia todo, com pessoas "desavisadas" como essa menina.


Enfim, depois de uma revista com direito a detector de metais, uma pré entrevista e contando com o "fator sorte" da minha esposa estar grávida, rapidamente chegamos até a entrevista final onde um simpático americano, contrariando todas as expectativas, nos concedeu o tão sonhado visto depois de três ou quatro perguntas e sem olhar absolutamente nenhum dos documentos que levamos e que comprovavam nossa "estável situação" aqui no Brasil.


A burocracia é grande, o despreparo e a falta de paciência de alguns funcionários do consulado também, mas nada se compara a falta de responsabilidade e de comprometimento de alguns brasileiros, como a da menina que estava na minha frente. Depois de tantos "esquecimentos" fica a pergunta: será que era mesmo para os EUA que ela queria ir? Eu não ouso responder.

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