quinta-feira, 11 de novembro de 2010

No alto de um edifício

No alto de um edifício eu passo a maior parte da minha vida.


Equilibrado em meio a concreto, aço e suor vejo a imensidão da cidade, contemplo o horizonte, vejo o céu mudar de cor.

Ouço aviões rasgarem o infinito e imagino o futuro lembrando do passado.

Será esse o meu presente?


Daqui de cima eu ignoro sentimentos, remoo frustrações, sonho com realizações.


Aqui eu escrevo. Penso. Me lamento.

Me irrito, sorrio, choro por dentro.

Acima de tudo isso eu aprendo. (Ou pelo menos tento).


Mudo de ideias. Ideais.


As horas as vezes passam devagar, as vezes passam de pressa.

Mais um dia, menos um dia, depende do ponto de vista.


Eu não sei quando isso vai acabar nem lembro como começou, só sei que hoje eu estou aqui,

no alto de um edifício, com a cabeça perto das nuvens e os pés distantes do chão.

Com o coração longe de quem eu amo, dividindo meus segredos e compartilhando minhas esperanças com desconhecidos.


Todos os dias.

Iguais, diferentes, rotina.


Aqui do alto tudo fica pequeno.

Eu mesmo me torno pequeno sem perceber.

Anônimo.

Rodeado de pessoas, mas sozinho.

Perto do fim, talvez de um recomeço, mas ainda assim muito longe de tudo o que eu quero.


No alto de um edifício eu luto. Trabalho.

Morro todos os dias e renasço.


No alto de um edifício.


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